24 January 2019

O que é a Fast Fashion? pt. I


Não tivesse sido pelo Instagram, eu não teria sido informada mais cedo sobre este problema. Foi através de uma partilha da Maria Sousa, do blogue Contemporary Lives Here, que fui alertada sobre os diversos impactos que a Fast Fashion tem no mundo.

Eu própria tenho aprendido cada vez mais ao pesquisar sobre este assunto e sinto que é o meu dever, enquanto blogger e instagrammer com uma audiência, de o partilhar. Não quero parecer hipócrita por partilhar fotos de looks de marcas que contribuem para a poluição do planeta e para a degradação das vidas dos trabalhadores em países menos desenvolvidos, no entanto as mudanças são graduais. 

Desde que vi o documentário "The True Cost", não tenho comprado nada nestas lojas de Fast-Fashion, pois, por um lado, sei que não preciso; por outro, já custa olhar para algo tão barato e contribuir para o enriquecimento de um grupo internacional que tapa os olhos aos impactos ambientais e sociais. É a mesma coisa que uma pessoa sente ao ver um porco no espeto depois de ter visto documentários sobre os maus tratamentos de animais para consumo. Ficamos enojados, mas está à nossa volta e, por vezes, é difícil parar por completo. Mas não é impossível!

Para entender melhor este tópico, decidi criar uma lista (dividida em 3 partes para não vos assustar logo no início) com várias palavras-chave que foram sendo referidas no documentário da Netflix "The True Cost" e em alguns artigos que li posteriormente.

Here we go:

CONCEITOS BÁSICOS

Consumismo: na sociedade em que vivemos, existe um ciclo vicioso: o consumo excessivo de, por vezes, itens supérfluos e baratos de modo a mover a economia e a trazer lucro às grandes empresas. Essencialmente, este consumismo é derivado das grandes campanhas publicitárias que vemos online e em mupis pela cidade fora. 
Há uma certa manipulação psicológica que nos faz querer ter sempre mais e melhor. Desde o ano de 2000, que o consumo médio de roupa cresceu em 60%. No entanto, guardamos cada vez metade da quantidade de roupa que compramos por ser tão barata e ter uma curta durabilidade. Não sentimos uma ligação à peça o que nos faz não pensar duas vezes antes de a comprar e antes de a deitar fora e substituir por outra igual má e barata.

Bens obsoletos: bens que pensamos já serem velhos e não actualizados devido às limitações postas pelas diversas indústrias, exemplo: quando sai um novo modelo de iPhone, o nosso actual parece já não desempenhar as funções necessárias; quando há novas peças de roupa, as que comprámos há um mês parecem já não estar na moda. 

Desperdício: com o exagerado consumo de bens obsoletos, o desperdício aumenta. Há um acumular excessivo de roupa de materiais não reciclavéis e isso tem um impacto irremediável no nosso planeta. Para onde vão todas aquelas peças que comprámos nos saldos a 1/10 do preço original e que só usámos 2x porque se estrragaram todas?

Consumismo Consciente: consumo de bens apenas necessários para um estilo de vida confortável, ou até mesmo minimalista. Precisas mesmo de 10 casacos de pêlo, ou 50 batons? Restringe as tuas peças a um mínimo confortável que não tenha consequências ambientais. Tem espírito crítico ao comprar algo novo "será que preciso mesmo, quantas vezes vou utilizar?".

Capitalismo: sistema económico e social, onde o principal objetivo é a obtenção do lucro (a qualquer custo) e a acumulação de riquezas, por meio dos meios de produção (ex. máquinas de costura). Na cabeça das grandes empresas, quanto mais venderem melhor. Quanto mais produzirem ao menor custo melhor. Muitas vezes, fecham os olhos ao impacto ambiental e social, porque no fim do dia o que conta são as notas que eles contam na mão.

A INDÚSTRIA DA MODA

Indústria da Moda: a segunda indústria mais poluente no mundo, seguida da indústria do petróleo. Como? 25% dos químicos do mundo são usados na produção de têxteis; 10% da emissão de carbono mundiais advêm da indústria têxtil e de vestuário; a indústria têxtil usa mais água do que qualquer outra indústria, além da agricultura.
Um modelo de negócio complicado que envolve cadeias de produção, matéria-prima, manufactura de têxteis, construção de roupa, transporte, lojas a retalho, utilização e, ultimamente, eliminação do vestuário.


Marcas globais de moda: parte de uma indústria que factura 3-triliões do dólares por ano. Este lucro louco é devido, em grande parte, ao uso de mão-de-obra barata em países de terceiro mundo. Estas marcas são também que tem mais influência para causar mudança neste ciclo de produção e consumo de bens e nos direitos dos seus trabalhadores.

Fast Fashion: ao contrário da Slow Fashion, ou da Alta Costura, em que, num ano, são produzidas apenas duas coleções — Outono/Inverno e Primavera/Verão —, a Fast Fashion, para responder à procura dos consumidores de peças da moda a preços baixos (e, consequentemente, de qualidade baixa), cria 52 micro-coleções, uma por cada semana do ano! Este processo rápido de inspiração (às vezes cópia de designers), produção em massa, utilização mínima e eliminação cria uma pegada de carbono no planeta irreparável, acelerando as emissões de carbono e o aquecimento global.

Marcas de Fast Fashion: Zara, Pull&Bear, Bershka, Lefties, H&M, Forever21, Uniqlo, Topshop, Mango, GAP, Urban Outiffers, United Colors of Benetton, SheIn, Romwe, FashionNova, NastyGal, Missguided, Victoria's Secret, Asos, Walmart. Basicamente, todas as lojas que se vêem no centro comercial.


No próximo post irei abordar a realidade da produção de vestuário no terceiro mundo, incluindo as condições de trabalho e os materiais que são utilizados e que não fazemos o mal que faz ao planeta. Stay tuned!

Mais info:

https://www.ecowatch.com/fast-fashion-is-the-second-dirtiest-industry-in-the-world-next-to-big--1882083445.html

http://isbinsight.isb.edu/fashion-industry-story-consumption-waste/

https://venta-usa.com/hard-truth-fast-fashion-habits/

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